Era tão boa a vidinha no campo...







quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

ESTÓRIAS DO Mê ALEGRETE ..e outras coisinhas do campo II




ERA UMA VEZ..UM FEIJÃO FRADE Era uma vez um feijão Frade, verde, viçoso, estaladiço, apetitoso, tenrinho e doido, muito doido por sexo. Não me perguntem o como nem o porquê de tal doideira, era e pronto!!! Esta um belo dia de primavera, o sol brilhava num céu azul e os passarinhos cantavam e faziam aquelas mariquices todas que se fazem na primavera e tal.. Sai pela manhã a caminho do me alegrete das couves (com a minha habitual roupita de trabalho, o avental bordado à mão e uma camisa de folhos com as mangas arregaçadas por mondi o calori. Ah, e tinha em vez do me chapéu de palha com malmequeres amarelos, um belo lenço colorido atado no alto da cabeça que me ficava mui beim)e antes de chegar a meio caminho escuti uma algazarra que me fez parari logo ali. Pari, olhi, escuti novamente e nam se ouvia nada, nadinha, nadica. Homi esta!!! Será que já estou a ouvir vozis?? Pinsi eu. Continui a andari e nam é que volti a ouvir o mesmo barulho vindo bem dali de perto?? Hum, aqui há gato!! (pinsi eu novamente) Pari, olhi, escuti e nada de nada. Alguma coisa se estava a passar mesmo ali por baixo dos meus narizes e eu nam descansava enquanto não soubesse o que era. Senti-mi junto ao chaparro meio escondida pela sombra do dito e pus-me à coca. Então nam ei que assim logo de seguida ouvi, vindo do meio de uma moita de estevas o tal zurruru? Parecia-me de aflição pois eram aiiiiiiiiiiis, uiiiiiiiis, uffffffffffs, yessssssssssssssssss. yes??? Sim senhor, não era engano, eram yessssssss mesmo que eu ouvi!! Ai eu tinha que fazer alguma coisa e rápido!! Só nam sabia como haveria de socorrer a criatura uma vez que ela parecia falar estrangeiro, mas pronto, dizem que o gesto vale mais que mil palavras e eu sabia mais do que uns vinte e tal gestos o que queria dizer, fazendo bem as contas, que isso daria mais do que umas vinte e tal mil palavras (isto tudo com a 4ª feita de noti e já depois de velha)..txiiiiiiiii até fiquei meio vaidosa de me saber senhora de tanto palavreado sem ser preciso falari!! Bem, alevanti-me e sai da sombra do chaparro, de braços no ar a gesticular a modos que de aflição e corri direito à moita.. Aiiiiiiiiiiiiii, griti eu. Aiiiiiiiiiiiiiiiii me Deus, griti eu novamente. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii aiiiiiiiiiiiiiii me Deus me Deus………..gritou o eco. Vocezes nem me vão acreditari mas nam é que atrás da moita estava um Feijão frade, verde, viçoso, estaladiço, apetitoso tenrinho e doido, muito doido a fazer o amori co uma batata doce grelada??? Passi-mi pois tá claro!! Atão o sem vergonha do feijão frade queria-me desgraçar a horta?? Atão nam me chegavam já desgraçadas das minhocas e dos outros bicharocos que me comiam as couves e vinha agora um feijão, ainda por cima frade, a comer-me a batata assim sem mais nem menos?? O gajo ficou sem saberi muito bem o fazer, ainda tentou dizer alguma coisa mas eu nem deixi. Disse logo: cale-se faxavori, seu, seu, seu..nem arranji nome capaz de lhe chamari, foi então que me lembri dos gestos que valiam mais que palavras, alevanti a mão e fiz-lhe aquela coisa feia com o dedo do meio e coloqui a língua de fora ao magano. A batata coitadinha só dizia: Eu juro que nam queria, nam queria, eu até nem gosto de feijão e tal.. Eu confesso que nam acrediti muito na magana, eu bem vi que o yessssss só podia ter vindo dela, era batata importada lá de fora (também há quem se importe cá dentro, juro!) e ninguém me tira do sentido que é ela quem organiza aquelas reives no alegrete. Bem vamos lá resolver isto a bem, disse eu fazendo cara de entendida no assunto, mas juro que nam sabia muito bem o que fazer com uma batata doce e um feijão frade. Eu caso, eu caso, gritou logo o feijão frade. Olhi pa batata como que a perguntar o que é que ela achava disso e a magana começou a rir a bom rir. Fiquei mais antoína que as antoínas…antónita melhor dizendo. Querem lá ver que ta-se a rir dos nervos que apanhou ou ver que era desta que desencalhava?? E a magana nam parava de rir, ria e ria e ria até que se jogou ao chão rebolando e rindo, rindo e rebolando e plof, ficou-se mesmo ali sem mais ai nem ui. O feijão aflito correu pa ela mas eu nam me consegui mexeri do lugari cus nervos que apanhi. Foi ai que o feijão frade, verde, viçoso, estaladiço, apetitoso, tenrinho e doido, muito doido por sexo disse: Que merda, é sempre a mesma coisa!! A couve ficou doida quem nem uma vaca, o porco a cantar de galo e agora esta da-lhe um cheliqui!! Nam tenho sorte nehuma no amori. E dizendo isto abalou-me dali cabisbaixo e de mãos nos bolsos a fazer uns movimentos estranhos nos ditos cujos. Até hoje nam conti a ninguém o que passou naquele dia mas ando cá desconfiada que no me alegrete anda coisinha de outro mundo. A sorte é que ospois quando acordo nam me lembro de nada..magnesia disse o médico. Eu repondi: nam sô tori sou Maria mesmo.. Pronto..foi assim!!

1 comentário:

  1. Muita engraçada esta história. A narrativa consegue transportar uma pessoa para o local... é como se estivesse lá a presenciar a cena toda também (Y). Os trocadilhos estão o máximo :) E era frade o feijão, agora imagine-se se calha a não pertencer ao clero... vai lá vai...

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cavadelas