Era tão boa a vidinha no campo...







quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Não vou falar do Natal...juro!!

Nem das prendas com laçarotes a empolgar as oferendas, nem sempre grandes na vontade mas enormes no querer retribuir para não ser diferente.

Nem dos cânticos que ecoam pelos cantos e recantos a lembrar angelicais criaturas, nuas e em poses sagradas.

Não vou falar dos tradicionais presépios que se fazem e refazem em mil e uma matéria, ricos, pobres, simples ou mais compostos, com iluminações que se conseguem ver de Plutão, gastando o que se diz necessitar poupar, enfeitando becos e ruas por calcetar. Nem de missas de galos, com galinhas e perus com pecados, ou bocados, de caril a escorrer pelas carnes fracas.

Não irei perder o tempo a falar do estado laico que vê os seus governantes a beijar o pé ao menino e a mão ao papa.

Não me cansarei a discutir a escola, onde supostamente entram todos os filhos dos outros, com crenças várias ou sem crença alguma, com educadores ( a impingir aos meninos a moral de outros e onde lhes pedem para desenhar santinhos, cantar ao menino e á virgem Maria (ensinarão o que é uma virgem)

Não me chamem para falar das mesas fartas e ver sacos com batatas para doar aos Bancos…

Não me perguntem se já fiz as compras de Natal…ou a árvore ou as filhoses. Compro tudo no carnaval, serve para todo o ano.

Não me chateiem com mensagens de ocasião, copy paste de boa vontade mas de pouca imaginação.

Não quero saber das montras enfeitadas de brinquedos a ofender a miséria dos meninos. Não me digam que é tradição, a falta de sentido e a pouca vergonha.

Não me mostrem ceias nas casas de abrigo ou Natal nos hospitais…prefiro o Big Brother ao vivo ou A Vida Animal.

Não quero ouvir missas, nem gosto de circo.

Não me chamem para festas de grandes empresas, com empregados à espera de trabalho…mas fartas as suas mesas.

Não me mandem postais de boas festas, mandem-me festas sem postais.

E o bolo rei? Porque não me dão antes pasteis de nata? Gosto de cremes e massa estaladiça, não quero favas nem frutas pouco naturais.

Nem pedir ao” meu menino” que escreva ao pai natal…vai escrever ao 1º Ministro …é quase igual.


Não, não vou cair na asneira de falar dessa coisa feia a que chamam Natal

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O mê Alegrete é um Sonho...


Hoje levanti-me com o sentidinho todo posto numa única ideia, era fixa mesmo a magana.
Vou fazer sonhos de natali!!!!!!!!!!!!!!
E vou dar por ai a todos do mê monti, se depender de mim a ninguém faltará sonhos este ano.
Se bem dito..bem feito! Ou bem sonhado bem concretizado…
Decidida estava e depois de me lavari e vestiri, fui pra cozinha pronta pra labuta dos sonhos.
Ora bem, tinha a receita antiga da minha avó Luísa mas como ela bem me dissera um dia, teria que colocar algo de mim e inventar um pouco, só um pouco...(juro)
O lume acesso pra fazer as brasas suficientes e cozer os sonhos, disso lembrava-me, em tempos a minha avó Luísa tinha deixado bem claro a importância de um bom lume para fazer sonhos..
Coloquei a lenha lá dentro, a mais sequinha e do tamanho certo (tudo tem uma medida!) e pegui num fósfaro e acendi o lume…pronto tá beim..foram cinco mas só porque estava vento e eu deixara a janela da porta do quintali aberta..que eu cá sempre subi acender um fosfaro!
Olhi maravilhada pras chamas, alem de me aquecerem o cara, bailhavam-me nos zolhos deixando-me praticamente hipnotizada por segundos…aquelas cores quentes e aquela dança das labaredas fizeram-me crer que iria conseguir fazer uns belos sonhos sim senhor…é muito importante confiarmos e eu estava confiante ,talvez plo calor que me fazia aquecer a alma naquele momento…
Olhei pra mesa da cozinha e estava lá tudo que é necessário, um alguidar de barro pra massa, duas colheres de pau, um Salazar (ainda do tempo da outra senhora pra quem a minha avó trabalhara muitos anos…) que mesmo gasto ainda raspa bem os tachos todos, um ralador, canecas pra servir de medidor, e varias colheres para formar os sonhos…
Coloqui o avental (branco e bordado com flores amarelas e azulis..ainda me lembro a primeira vez que o usi pra fazer sonhos e de como me ficara sempre bem aquele aventali…ai ai nam sei se já vos conti mas tudo me fica bem desde que seja feito á minha medida…)e com um lenço da mesma "não cor" para prender os cabelos, deiti mãos à obra..


2 canecas de farinha de trigo
(mais coisa menos coisa deve dar as 250 gr que vi ali no google)..a caneca é daquelas almoçadeiras
Junti ao leite (3 dl) que já tinha ao lume com uma pinguinha de óleo( 1,5 dl) e uma pitadinha de Sali, do fino claro.
Misturi a farinha com mta genica…misturi mais e mais e mais enquanto pensava na vida…a de antes e a de depois que haveria de vir, caso eu sonhasse sempre, não deveria vir muito má nam senhori. Misturava e volta e meia parava a pensari…quando dei por mim já a massa se deslocava do recipiente como querendo voar dali…estava na hora de juntar os ovos.
Eram seis os ovos, lindos, grandes ..ovais!
Nam eram todos de galinha nam senhori por monti que as minhas galinhas nam andavam mt poedeiras, desde que o Jacinto ( raio do galo) as começara a convencer a ir à missa todos os santos dias em preparação pra sua missa no dia 24 à noti.
Sendo assim usi 1de galinha, 1 de pata, 1 de cisne, 1 de gança, 1 de pirua e 1 de avestruz…acho que davam seis ovos certos plas minhas contas…
Parti um a um, lentamente..bati com a casca na borda do alguidar de barro, com o click ou seria antes crachhhhh? Bem nam importa, depois colocava os dedos e abria...
lentamente..nem sei bem o que esperava encontrar…lembro-me uma vez que saiu um pinto e desde ai esta tarefa era sempre feita como se de abertura de uma caixinha de surpresas se tratasse…acho que deve ser isso que a gaitada toda sente quando abre os ovos de chiculate ….
Tive mais dificuldade a abrir o de avestruz, não pelo tamanho do dito mas pla minha ansiedade..imaginei tanta coisa!! Mas lá se juntaram as gemas amarelas e alaranjadas às claras…num emaranhado de cores e texturas, deliciei-me novamente a mexer os sonhos..fazia-me bem aqueles momentos..em que ainda podiam ser tudo o que eu quisesse…imaginei formas..cores..cheiros..sabores…
Uiii os meus sonhos!!
Bem continuando que vocêzis nam deve ter o dia todo pra aprender a fazeri sonhos..
Por fim juntei uma casquinha de limão e estava pronto a ir a fritar.
Limpi a mesa e dirigi-me de alguidar na mão pra junto do forno onde já se ouvia quente o óleo, esperando como que ansioso também, a massa…aquele momento era digno de um filme..quase se ouvia os gritinhos histéricos do óleo a dizer: deita deita…ou..ponha ponha?? Bahh uma coisa dessas…
Com as colheres fiz os sonhos, um a um cuidadosamente..
Juntei, aconcheguei, passei de uma pra outra, dando forma e deixando deslizar por fim, da ultima colher para o óleo quente…ai eram a parte onde tudo se decidia.
Ao cair no óleo a massa enchia-se de vontades, engordavam os sonhos a olhos vistos.
E eu ficava a revirá-los deliciada com a maneira airosa com que se encostavam uns aos outros, frutos da imaginação, do gosto pela sua doçura, do prazer do seu cheiro..eu simplesmente perdi a noção do tempo..polvilhando com açúcri e canela depois de fritos..enchendo pratos..taças…travessas…tabuleiros…era um montão de sonhos pla casa…o cheiro inundava o alegrete de certezinha..e eu estava-me sentindo orgulhosa plo resultado dos meus sonhos…imaginava já o Ti Chico a chegar, salivando e de olhos esbugalhados prós sonhos…a Ti miséria, essa nunca mostra parte fraca mas acredito que quando os visse não se iria conter e comeria mais que um…lambendo os lábios entre um e outro.
Ai que lindos os meus sonhos!!
Ainda quentes..ainda tão apetitosos…ainda tão recém sonhados.
Estava eu nisto quando ouvi um toc toc toc…ou seria truz truz??
Bahhhhhh tanto faz!
Era alguém a bater a porta…e fui abrir, mas antes pergunti :
- Queim ei??

Sim, porque nam quero que pensem que estou sempre ali detrás da porta à espera que alguém apareça…
Nam responderam…insiti:
-Queim eiiiiiiiiiiiiiiiiii?? (contive-me pra nam dizer porra que podia parecer mali)
E desta vez ouvi do outro lado..
-Sou eu!
- E eu!
E ainda mais um..
- E eu também sou!
Mau Maria Joséi..pinsi!
Então eram Um ..Um Outro e Mais Outro?
Agarri na ponta do aventali, limpi as mãos e fui direitinha à porta pra veri mesmo quem era…um..o outro e mais outro..
Ai vocêzis nam vão acreditari..ai nam vão não senhori…
Tá beim…porra que nam me deixam fazeri o suspensi necessário pra isto ficar como os filmes do Hitchcock…o tal com o mesmo nome que o mê pirum (bichoooo..s) mas pronto…mais perdem..
Então assim que abri a porta..ela fez aquele barulho de porta a abrir com vontade mas sem querer dar nas vistas…lentamente rangendo..grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr ou grugsggg ou assim..e assim que abri vi os três…sim senhori..eram mesmo os três, nam me tinham mentido...bom começo!
Um, o Outro e Mais Outro…ali ,mesmo ali à minha frente.
Disse: bonoti ,faxavori….
e eles responderam…
-Bonoti cumadri…somos os três

(ora ora ora grande novidade..pinsi eu que já os tinha contado)

Reis Magros..
Upsssssssssssssssssssssss disse eu…e já sabem como fico quando me apanham assim de surpresa nei?
Almareios
Tonturias
Gomitos
E nam me lembro de mais nada senão de me estatelar no meio do chão…


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Tamos aqui tamos no Natali...estórias do mê Alegrete

Hoje acordei no meio da palha.
As maganas das vacas andavam nervosas…
Isto quando se aproxima o natal não há quem as segure…é que nunca se sabe qual delas será a escolhida para bufar o menino
A Hirondina, a mais velha e boa vaca leiteira, meteu na cornamenta que deveria ser a eleita, a Miquelina, a mais nova e ainda pouco dada aos leites, achou que era hora das novas oportunidades e gerou-se uma confusão que nem o Tónio, o boi do mê monti, as conseguiu separar.
Aquilo estava num reboliço tali que lá tive que ir de manta e almofada a druimiri pra junto delas.
Ao acordar estava um frio de rachar a alma, olhi pra elas como quem nem acredita que ainda passasse pla cabecinha de alguma ir servir de aquecimento ao menino….por mim não iriam ter carta de recomendação não senhori.
Sai dali deixando bem claro que não queria voltar a meter-me entre elas, olhi pró Tónio com um olhar cúmplice ao qual ele respondeu com um raspar de casco no chão e lá fui a veri como estaria o resto da bicheza.
Ao sair do estábulo o dia ainda nem clareava o suficiente e catrapum, tropeci numa coisinha arredondada, tal quali um bolego da ribêra…mas só deu pra veri que nam era quando ao ser alvo do mê encalhanço proferiu um glu glu muito aflito e dasatou a correr à minha frente.
Esfregui os zolhos, mais que uma vez como devem calcular, custou-me a acreditar que os bolegos andassem e fizessem Glu glu…..pari e griti-lhe:
-Alto lá !
-Alto lá!!! (gosto de repetir as ordem)
Pare já disse!! plos vistos não há mesmo duas sem três…
E o magano parou, ficou-me a olhar com uns zolhos muito assustados e a fazer um glu glu muito aflitivo. Foi ai eu vi claramente que se tratava de um dos meus perus mais gordos e afanados, meio doido é certo mas nunca antes se fizera passar por um bolego.
Ohh Alfredo Alfredo (disse-lhe eu com voz austera e firme que só eu sei fazer quando nem sei bem o que quero dizer a seguir)
E ele olhava-me com ar envergonhado, até me pareceu que corou.
Ohhhhhhhh Alfredo Alfredo !! repeti novamente para ver se me dava tempo a ter alguma coisinha que dizer.
Ospois lembri-me, estávamos quase no natal e o mê Alfredo estava simplesmente a tentar fugir da triste sina de ser ceia na consoada de alguém.
Ai que até se me vieram as lágrimas aos zolhos! Afaguei o bicho e em voz já mais meiguinha (sim, também sei fazer vozes dessas volta e meia…) prometi-lhe que nem que me dessem o valor de 3 perus como ele eu o venderia para tal fim.
Levanti-me e esperava ver uma reacção por parte do bicho mas nada, olhou pra mim com aqueles mesmos zolhos de peru em vésperas de Natal, fez mais um Glu Glu e voltou a fazer de bolego no meio do caminho do monti.
Bahhhhhhhh pinsei eu, encolhi os ombros e segui caminho fora.
Mas quanto mais andava mais pensava no que estava a acontecer no mê Alegrete mal chegara o mês de Dezembro.
Agora entendia o motivo que levava o mê galo Jacinto andar a cantar fora de horas e com uns cócórócócós mais esganiçados enquanto as galinhas pareciam ficar de joelhos à sua volta… afinal tinha tudo uma razão!
Continui caminho e só pari na casa do Ti Zéi, encontrei-o a olhar pró pinheiro, nem sei bem aos anos que aquele pinheiro estava ali plantado…plantado literalmente plantado..plantado metaforicamente plantado também sim senhori.
Oh Ti Zéi atão que se passa homi?
Mas ele nem me disse bundia nem nada, continuou a olhar a olhar e ao mesmo tempo passava a mão plo tronco do pinheiro…é nestas alturas que entendo porque há alguns a que se chamam mansos.
Ti Zéi!!!!!!
Ai cumadri vocei desculpe, estava aqui a pinsar na vida é o que éi. Disse-me ele sem sequer olhar pra mim.
Pois cumpadri eu até entendo, a vida dá-nos muito que pensar sim sr. mas diga-me lá homi, que se passa hoje que nam se passe amanhãe e que possa pensar depois?
Sabe cumadri, estou com um dilema ei o que ei.
Di queim?
Di lema cumadri.
Ai compadri nam me diga!!!
Ai compadri vocei nam me diga!!
Já disse cumadri…já disse.
Olhi-o pra veri se ele se explicava melhor e como tali nam aconteceu chegui-me à frente.
Agarri-o plos ombros e disse:
Força compadri, nam se deixe ir a baixo homi, sabe que já ouvi dizer que os médicos já operam tudo e se nam for cá é no estrangeiro. E sabe que pode sempre contar cá com a cumadri pró bom e pró mau que aparecer compadri.
E estando eu a fazer o que pensava ser o mê deveri, como comadri e amiga de longa data (nunca entendi porque raio há datas assim, deve ser por mondi uns meses terem mais dias que outros ou assim..) bem, dizia eu que estava a animar o mê compadri por mondi o seu Dilema quando ele olhou pra mim com cara de que nem me estava a escutar bem e disse:
Cumadri, vocei já fez a 4ª á noite nam foi?
Hummmm
Hummmmmmmmmmmmmmm
Disse eu.
Sim cumadri, dilema é um lema em duplicado melher…quer-se dizer. Tenho que escolher um e nam sei qual, é o que ei.
Nam estava a gostar nada da sensação de não saber que raio era aquela coisa que o mê compadri falava e pra nam variar muito fingi que entendia do assunto.
Ora compadri, escolha o que dê menos trabalho de fazeri.
Respondi convencida que ficávamos por ali na conversa.
O Ti Zei olhou-me, desta vez tirando a mão do tronco do pinheiro (foi aqui eu vi que tinha um machado na outra…e nam sei bem porquê di um passo atrás e fiz um sorriso de orelha a orelha disfarçando os nervos)
Ele deu um passo na minha direcção, eu dei outro pra trás e quando estava mesmo mesmo a agarrar as saias pra largar a fugiri ele disse-me:
Cumadri Marizei, nam sei se lhe corte os ramos e diga “O Natali sem pinheiro nam ei Natali” ou nam corte nada e diga “Natali pra ser Natali ao pinheiro nam faças mali” tá a entenderi cumadri?
Ainda pensi ser sincera mas resolvi responder que sim…nam fosse a doença dar-lhe prá violência como eu já estava a suspeitari.
Afinal aquilo do Dilema era mais grave do que eu imaginara…coitado do homi, que o viu e quem o vê!!
Deus há-de ser grande e fazer com que a ciência encontre cura pra esta maleita a tempo.
Acabi por deixa-lo e corri direitinha à igreja onde sabia encontrar sempre a Ti miséria, ora a limpar a sacristia ora a juntar as misérias dos outros, em sacos com donativos prós pobrezinhos.
Mal a vi ela acenou-me de contente, é sempre bom sentir que ainda há quem goste de nos veri..só a Miséria mesmo pra ser sempre tam boa comigo.
Aceni-lhe também e senti-me num dos bancos de trás a esperar que ela viesse ter comigo. Tinha que falari com ela para por fim a tanta confusão no monti.
Nam tardou e veio sentar-se junto a mim, fazendo aqueles gestos na cara e sempre de frente pró altari, nunca entendi beim porque raio ela fazia aquilo mas achava-lhe uma certa graça e nam lhe pregunti nada…cada um com as sus coisas pois então.
Mal se sentou, logo de seguida se ajoelhou, ainda pensi que lhe tinha caído alguma coisa ou que ia continuar nas limpezas da igreja, asseada que só visto a minha cumadri Miséria.
Mas plos vistos engani-mi, de joelhos e de mãos postas, baixou a cabeça e começou a falari remoendo pra dentro palavras que nam lhe consegui entender nadinha.
Foi então que fiz o mesmo, sempre ouvi dizer que nos devemos juntar a eles quando com eles nam podemos..e embora magra, a cumadri era melher de peso que eu sabia.
Já de joelhos e de mãos postas arrepari que nam tinha o mê aneli..mau! terei deixado o dito no canteiro da Salsa quando fui veri onde raio paravam as modas logo de manhã?
Depois teria que lá voltari, se fosse o caso e com a sorte que tenho, anda estaria no mesmo sitio onde me caíra….é sempre assim, até quando deito o milho aos porcos, no outro dia ainda lá está todo.
Estava com estes pinsamentos quando a cumadri Miséria me pergunta entre dentes pró que venho.
Disfarci a voz tambeim, nam fosse alguém alem do senhori nos ouviri e disse-lhe:
Cumadri miséria, algo muito sério se passa no Alegrete. Só a cumadri me podi a judari..
Olhi-a mas ela continuava a rezar com muita fé, tanta tanta que até franzia os zolhos e via a força com que apertava as mãos…ainda me pareceu ouvir algo parecido com “ainda meu deus o que será desta vez?’”…mas deve ter sido impressão minha que a cumadri já me disse que de Deus nam espera respostas…bem, levanti-me e olhando pra ela disse:
Cumadri, preciso que me ajude a esconder o menino!!
Disse e senti-me, e foi ai que vi que a igreja estava cheia e o sr. Prior tinha parado de dizer a missa, olhavam-me todos com uma cara de poucos amigos…e por momentos senti o peso da fé nos meus ombros…ajoelhi!
Nesse momento a Ti miséria só dizia baixinho…disfarce comadri, disfarce por favori e reze, reze muito.
Pai Nosso, Ave Maria…Ave Maria, Pai Nosso…é sempre a mesma coisa, das canções só me lembra dos titalus!!!
Uffff